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Transtornos alimentares: causas e como controlá-los 

Transtornos alimentares

Os transtornos alimentares são problemas mais comuns do que podemos imaginar e não podem ser ignorados. Nesse sentido, entendê-los exige compreender que são muitas as razões que levam uma pessoa a desenvolver um problema como esse, dentre elas, estão questões biológicas, culturais, bem como as experiências individuais de cada um, configurando-se assim, como algo extremamente complexo e profundo. Dessa forma, veja a seguir com mais detalhes o que causa os transtornos alimentares e como tratá-los. 

O que causa transtornos alimentares

Apesar de serem muitas as razões que causam os transtornos alimentares, as pessoas que os possuem costumam ser muito críticas com elas mesmas, tendendo a ser perfeccionistas e a se sentir incapazes de controlar seu corpo e atitudes por se enxergarem como inferiores. Com isso, ocorre uma supervalorização do peso e da aparência física em conjunto com a autoestima, que faz com que o peso e o corpo passem a ser indicadores de competência, sucesso e valor pessoal.

Diante disso, a capacidade de controlar a alimentação se torna um fator determinante para definir o autocontrole para essas pessoas, que consequentemente, têm uma autoestima muito baixa. Tudo isso faz com que elas sejam insatisfeitas com a realidade. Tal insatisfação causa restrições alimentares, comportamentos purgativos de controle de peso e alimentação em excesso para amenizar a ansiedade. 

Distorção cognitiva: tudo ou nada

Pessoas com transtornos alimentares costumam ter uma distorção cognitiva chamada “tudo ou nada”, onde qualquer deslize faz com que acreditem que tudo que foi feito está perdido e abandonam o controle alimentar. Por exemplo, quando essas pessoas comem algo que não deviam, elas tendem a ter o seguinte pensamento: “já comi isso, então vou comer tudo que eu quiser, amanhã eu volto para minha alimentação regular”. 

O comer excessivamente é chamado de comportamento “binge eating” ou compulsão alimentar periódica e com ele vem uma grande culpa, falta de controle das suas ações e, possivelmente, uma grande restrição alimentar em seguida. 

Desse modo, pessoas que possuem esse problema não costumam perceber a proporção da rigidez que estão se impondo e não se dão conta que essas regras excessivas são justamente o grande problema. 

Nesse sentido, para elas, ter um lapso na dieta é visto como uma deficiência pessoal no controle da alimentação, o que cria um comprometimento com comportamentos mais rígidos e irreais. Com isso, acabam focando apenas nos defeitos e fracassos e ignoram os sucessos na sua trajetória com os alimentos. 

Ciclo Vicioso

Tudo o que foi apresentado acima gera um ciclo vicioso nada saudável na vida dessas pessoas. Isso ocorre, pois ao se impor regras rígidas, elas tendem a fazer restrição alimentar, que aumenta a fome. 

A questão é que, normalmente, isso leva à compulsão alimentar e com ela, vem a culpa e preocupação com o peso, o que faz a pessoa retornar ao ponto inicial de se colocar inúmeras regras irreais. Sendo assim, o ciclo pode se repetir inúmeras vezes até que o indivíduo o perceba. 

Além disso, neste processo, diversos fatores influenciam os pensamentos e comportamentos desses transtornos. Dentre eles, estão os comportamentos purgativos, que vêm como tentativa de controle do peso. Com eles, as pessoas forçam o vômito e tomam remédios como laxantes e diuréticos na tentativa de não ganhar peso e acabam aumentando a probabilidade de compulsão. 

O comportamento purgativo 

O que ocorre no caso do vômito é que ele prejudica a sensação de saciedade, que costuma auxiliar no controle da ingestão indevida de alimentos e faz com que a pessoa acredite que pode comer o que quiser, sem se preocupar com o peso. 

Já no caso dos laxantes e diuréticos, pessoas com transtornos tomam esses medicamentos acreditando que irão perder peso, mas na verdade eles não impedem a absorção de calorias, apenas aumentam a perda de líquidos. Com isso, quando não ingerem estes medicamentos, acabam retendo mais líquido e confundem isso com estar engordando. 

Em adição a isso, essa retenção também é muito comum no período pré-menstrual e menstrual e muitas vezes esse fator é ignorado pelo indivíduo que tem o transtorno e há também aquelas pessoas que fazem exercício físico em excesso, no intuito de perder ou não ganhar peso, o que também não é saudável para o corpo. Por último, os fatores que mais dificultam o combate dos transtornos alimentares é o alívio da ansiedade ao comer e a gratificação de ter perdido ou não ter ganho nenhum peso. 

Como tratar os transtornos alimentares

Para fazer um tratamento adequado, é preciso realizar uma ação integrada entre psicólogo, nutricionista e até médicos, como um psiquiatra. Com isso, será possível entender o quanto esses comportamentos são inadequados e fazem mal.

Durante o tratamento, será feita uma estabilização nutricional para um padrão saudável de peso e haverá questionamento dos pensamentos e crenças sobre si mesmo (a). Nesse sentido, o tratamento também irá auxiliar na resolução de problemas corriqueiros, justamente para que isso não seja “resolvido” através da comida.

A intenção é impulsionar o paciente a ter pensamentos mais funcionais, podendo ser necessário até usar um medicamento para controlar os impulsos. 

Dicas de como amenizar os sintomas no dia a dia

Se você vive um transtorno alimentar ou conhece alguém que possui algum, as dicas a seguir podem ajudar a amenizar os pensamentos, sintomas e comportamentos que auxiliam na manutenção de alguns transtornos. 

  1. Procure saber o quanto o comportamento compensatório é prejudicial a sua saúde, entendendo e aceitando o que acontece com você. De preferência, conte com ajuda de profissionais especializados e com artigos sobre o assunto;
  2. Escreva em um papel as vantagens de mudar esses comportamentos e as desvantagens de mantê-los;
  3. Anote se alguma área da sua vida foi prejudicada pelo seu transtorno (seja ela familiar, social, afetiva, profissional). Avalie se o impacto derivou do seu comportamento, do tempo gasto pensando em alimentos e na aparência, tristeza gerada pelos pensamentos, culpa e vergonha, etc.
  4. Faça um diário da sua alimentação, anotando tudo o que você comeu diariamente e se teve alguma alimentação inadequada, ou seja, com compulsão ou restrição. Anote também os fatores relacionados (o que causou, quais foram os pensamentos e sentimentos relacionados);
  5. Pegue os pensamentos disfuncionais identificados e questione a validade deles, o que os comprovam e não os comprovam, e avalie as vantagens de manter esses pensamentos, etc;  
  6. Faça um controle saudável de peso, regulando a alimentação com horários pré-estabelecidos, comendo em todas as refeições e praticando atividade física regularmente, mas sem excesso; 
  7. Pare e preste atenção no que você come, ou seja, tire de embalagens e coloque em um prato, não veja televisão enquanto come, etc;
  8. Restrinja contato com alimentos ou situações que facilitam a ingestão indevida de alimentos. Isto é, não deixe alimentos que você não deve comer a vista, não deixe a comida na sua frente para não repetir, não compre em excesso, não compre o que você não deve comer, etc; 
  9. Faça um indicador de sucesso diário no seu caderninho: Coloque se houve ou não comportamento inadequado e a intensidade do comportamento, mas só anote SEM JULGAR;
  10. Se dê crédito pelos comportamentos adequados;
  11. Faça um gráfico em formato pizza, sendo cada fatia proporcional à importância que você dá a cada aspecto da sua vida e o que você faz na prática, ou seja, o que gasta mais seu tempo físico e mental e pense como será sua vida daqui a 10 anos se você mantiver esses comportamentos. Com isso, é possível notar a importância indevida à alimentação e ver o que você deve mudar.

Conclusão

Ante ao exposto, é possível perceber que os transtornos alimentares são um assunto sério, mas que podem ser tratados com o devido acompanhamento. Se ficou interessado pelo conteúdo, acesse nosso site e tenha acesso a diversos conteúdos sobre a terapia cognitivo-comportamental, bem como a possibilidade de acompanhamento profissional e também documentos de TCC gratuitos. 

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Diego Falco

Diego Falco é especialista em Terapia Cofnitivo-Comportamental, ensina a abordagem há mais de 5 anos e mais de 1900 pessoas já passaram pelos seus cursos.

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